O setor de foodservice no Brasil é um dos pilares da economia, englobando uma vasta gama de estabelecimentos como restaurantes, bares, lanchonetes e cafeterias. Nos últimos anos, esse setor passou por transformações, enfrentando desafios devido à pandemia e às mudanças econômicas globais. A nova pesquisa “Alimentação Hoje: a visão dos operadores de foodservice”, traz uma visão detalhada sobre o atual cenário do setor e um panorama abrangente das melhorias, obstáculos e tendências que estão impactando o mercado de foodservice no Brasil.
Faturamento em alta, desafios constantes
O setor de foodservice no Brasil mostrou sinais de recuperação em 2023, com 74% dos estabelecimentos relatando faturamento superior ao de 2022, segundo o estudo “Pesquisa Alimentação Hoje: a visão dos operadores de foodservice”. Uma iniciativa da Associação Nacional de Restaurantes (ANR), Galunion e a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia), o estudo revelou que, apesar do cenário desafiador, houve um aumento nas receitas.
Análise do faturamento
Dos estabelecimentos entrevistados, 74% registraram faturamento superior ao de 2022, 18% mantiveram o mesmo nível e apenas 8% relataram uma queda. Esse crescimento é um indicador positivo, mas os desafios permanecem, especialmente relacionados ao aumento dos custos operacionais e à gestão da força de trabalho.
O estudo aprofundou-se na análise financeira, revelando que 74% dos estabelecimentos tiveram lucro em 2023, 21% fecharam o ano próximo ao equilíbrio e 5% registraram prejuízo.
Redução do endividamento
Um dos pontos positivos revelados pela pesquisa foi a redução no número de empresas endividadas. Houve um decréscimo de seis pontos percentuais no número de estabelecimentos com dívidas ou atrasos de pagamento, passando de 28% em agosto de 2023 para 22% em fevereiro-março de 2024.
Fernando Blower, diretor-executivo da ANR, comentou sobre a recuperação das margens de lucro em comparação aos níveis pré-pandemia. “Os operadores já superaram as questões relacionadas ao faturamento, mas devemos considerar o aumento geral dos preços ao consumidor final, o que naturalmente eleva o faturamento”, explicou Blower. Ele também destacou a importância do aumento no número de colaboradores, um indicador de crescimento da atividade econômica no setor.
Pressão de custos
Apesar do aumento nas contratações, a cadeia de foodservice continua enfrentando pressão de custos. Dificuldades no abastecimento de matérias-primas, elevação nos preços de alimentos in natura, e aumento dos custos de energia elétrica e mão de obra são desafios constantes. “O delivery, por exemplo, é um dos canais com mais estrangulamento de margem devido a esses aumentos de custos”, ponderou Blower.
Meios de pagamento
A pesquisa também explorou as formas de pagamento mais utilizadas pelos estabelecimentos. O cartão de crédito lidera, representando 35% do faturamento, seguido pelo cartão de débito (25%), PIX (15%), vale-alimentação ou refeição (12%), dinheiro (10%) e outros meios (3%). A adoção do PIX, em particular, ganhou relevância no último ano, refletindo uma mudança nos hábitos de pagamento dos consumidores.
Desafios na gestão de colaboradores
A gestão de colaboradores é outro desafio crítico para os operadores de foodservice. Em 2023, 57% dos empresários relataram que atrair clientes e marcas para aumentar as vendas foi o maior desafio, seguido pelo controle do custo de mercadorias vendidas (51%) e a retenção de equipe (42%).
Em 2024, a falta de profissionais qualificados tornou-se o principal desafio, com 57% dos empresários destacando a dificuldade em contratar e reter colaboradores. Simone Galante, fundadora e CEO da Galunion, destacou que 74% dos operadores têm dificuldades nessa área, e as ações planejadas incluem treinamentos, premiações por metas atingidas, planos de carreira e mudanças no formato de remuneração. No entanto, 30% dos empresários afirmaram que não promoverão nenhuma ação específica, indicando uma oportunidade para melhorar a cultura empregadora.
Parceria com a indústria de alimentos
A parceria com a indústria de alimentos permanece forte. Em 2023, 67% dos estabelecimentos compraram diretamente da indústria, 44% utilizaram distribuidores especializados, 44% recorreram a atacados e cash & carry, e 30% compraram através de marketplaces online.
João Dornellas, presidente executivo da Abia, ressaltou a importância do setor de foodservice para a indústria de alimentos. Em 2023, o faturamento da indústria foi de R$ 1,161 trilhão, com 27,6% das vendas internas destinadas ao foodservice, totalizando R$ 234,9 bilhões, um aumento de 11,9% em relação a 2022.
Informações sobre a pesquisa
A “Pesquisa Alimentação Hoje: a visão dos operadores de foodservice” foi realizada entre 19 de fevereiro e 25 de março de 2024, com 464 operadores respondentes, representando 5.675 unidades. Entre os entrevistados, 59% atuam na região Sudeste e 78% são operadores independentes com até três lojas. A maioria dos respondentes (45%) está no setor há mais de 10 anos e 81% estão localizados em estabelecimentos de rua. Os principais tipos de culinária servidos são brasileira caseira, variada, sanduíches e pizzas.
Referência: https://mercadoeconsumo.com.br/30/05/2024/foodservice/setor-de-food-avanca-no-brasil-mas-desafios-com-custo-da-operacao-e-trabalho-persistem/
