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Peic aponta para queda no endividamento e pico de inadimplência em 2023 

2023 revelou-se um ano de contrastes na economia do Brasil. Pela primeira vez em quatro anos, desde 2019, o país registrou uma sutil diminuição na taxa anual de endividamento, indicando um movimento promissor rumo à recuperação econômica. No entanto, este dado vem acompanhado de uma crescente preocupação: a inadimplência atingiu um nível recorde, afetando quase um terço da população. 

Dinâmica do endividamento ao longo do ano 

O ano de 2023 começou com altos índices de endividamento, que começaram a cair em julho, alcançando 78,1%. Contudo, essa tendência foi temporária, pois em dezembro o índice de endividamento voltou a subir, fechando o ano em 77,6%. 

Panorama do endividamento em 2023

A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) revelou que a taxa de endividamento caiu para 77,8%, uma redução em comparação com 2022, mas significativa na série histórica iniciada em 2010. O endividamento no cartão de crédito também viu uma queda para 86,5%, um indicativo de uma mudança na forma como os brasileiros gerenciam suas finanças.  

Contrastando com a queda no endividamento, a inadimplência subiu para 29,5%, o maior índice desde o início da pesquisa. Destes, 41,2% afirmaram não ter condições de pagar as dívidas atrasadas, um aumento de 4 pontos percentuais em relação a 2022. Segundo José Roberto Tadros, presidente da CNC, e Felipe Tavares, economista-chefe da CNC, fatores como melhorias no mercado de trabalho e a trajetória de queda dos juros básicos influenciaram essa dinâmica. 

“A Peic mostrou que, pela primeira vez em dez anos, as famílias brasileiras terminaram o ano menos endividadas do que começaram”, aponta Tadros. 

Inadimplência e renda 

O estudo mostra que a inadimplência aumentou em todas as faixas de renda. 37,3% das famílias com até três salários mínimos estão inadimplentes, mostrando um aumento em relação ao ano anterior. Nas famílias com renda entre três e cinco salários, no entanto, houve uma ligeira queda, de 0,6 ponto percentual; e, entre as que ganham até 10 salários, foi registrado um pequeno aumento, de 0,1 ponto percentual. “Os dados confirmam que as famílias de menor renda estão mais vulneráveis às variações da economia, especialmente das taxas de juros, do que aquelas de maior renda”, indica Felipe Tavares. 

Relação entre escolaridade, regiões do país e inadimplência

A Peic destaca uma correlação direta entre escolaridade e inadimplência. Aproximadamente 33% dos consumidores com dívidas em atraso não concluíram o ensino médio, em comparação com 27,6% com ensino médio completo.  

As regiões do Brasil também apresentam variações significativas em termos de endividamento e inadimplência. A Região Norte, por exemplo, teve o maior aumento anual de inadimplência, enquanto a Região Sul possui a maior parcela de endividados. 

“A Peic mostra que o nível de instrução é um dos fatores mais relevantes para determinar a capacidade de pagamento das dívidas”, destaca Felipe Tavares. Segundo ele, essa condição influencia mais o atraso de dívidas, em maior ou menor grau, do que outras características associadas aos consumidores, como o gênero e a faixa etária. 

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