Os gastos com alimentação fora de casa no Brasil alcançaram um novo recorde no segundo trimestre de 2024, segundo um estudo do Instituto Foodservice Brasil (IFB). Durante o período, os consumidores desembolsaram um total de R$ 61,4 bilhões com foodservice, marcando um aumento de 3% em relação ao mesmo período do ano anterior. Esse valor é o mais alto já registrado na história, apontando uma recuperação contínua e significativa do setor, apesar dos desafios econômicos.
Sudeste e Nordeste lideram o tráfego e os gastos
O estudo revelou que o Sudeste e o Nordeste continuam sendo as regiões com maior participação no setor de alimentação fora de casa, representando juntos 70% do tráfego total. O tráfego de visitas totalizou 3,1 bilhões, uma ligeira queda de 1% em relação ao ano anterior. No entanto, o ticket médio subiu 4%, atingindo R$ 19,74, o que indica que, apesar de um número menor de visitas, os consumidores estão gastando mais a cada saída.
Desempenho regional e impacto social
As regiões do Sul e Centro-Oeste também apresentaram crescimento, com destaque para os estados do Paraná e Santa Catarina. O Rio Grande do Sul, embora tenha enfrentado desafios climáticos, mostrou um desempenho notável em termos de gastos em junho. Em contrapartida, o Norte do Brasil apresentou uma tendência sazonal de baixa no tráfego de visitas.
As classes sociais também revelaram comportamentos distintos. Enquanto as classes A e C mostraram crescimento nos gastos, as duas faixas da classe B registraram uma redução. Esse movimento reflete as pressões econômicas que ainda afetam parte da população.
Desafios persistentes e novas tendências no foodservice
Apesar dos números recordes, o setor de foodservice ainda enfrenta desafios, como a persistência de preços elevados e a compressão da renda, que continuam impactando o consumo fora de casa. A aceitação social das marmitas também tem aumentado, competindo diretamente com o foodservice tradicional.
Ingrid Devisate, vice-presidente executiva do IFB, destacou: “Apesar do resultado histórico, os desafios no tráfego permanecem, especialmente no segmento de fast food, onde as lanchonetes se destacaram positivamente. No entanto, o full service mostrou estabilidade, e o segmento de conveniência teve uma boa performance.”
Análise dos segmentos e canais de venda
O levantamento do IFB apontou que quase 80% do aumento de gastos entre o primeiro e o segundo trimestre de 2024 veio de quatro segmentos principais: fine dining, lanchonetes, supermercados/hipermercados e redes de não empratados. O segmento de fast food, embora enfrente desafios no tráfego, viu um desempenho positivo nas lanchonetes. Já o full service manteve uma estabilidade, e o segmento de conveniência registrou uma boa performance.
Os canais de venda, em geral, mantiveram-se estáveis, apesar de uma nova queda observada no delivery. Em termos de períodos do dia, houve crescimento no consumo durante a manhã e o almoço, enquanto à tarde e à noite houve uma leve retração. Sexta-feira e sábado continuam sendo os dias com maior movimentação, enquanto a segunda-feira apresentou uma forte queda.
Fonte: Mercado & Consumo