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Economistas estimam PIB de 2021 entre 3% e 3,5% e desconfiam de avanços da reforma tributária

O Boletim Informativo da ANR ouviu na última semana a opinião de dois dos principais economistas do país: Gustavo Arruda, economista-chefe do BNP Paribas no Brasil, que esteve presente no Café com o Economista realizado pela ANR no início deste ano, e José Márcio Camargo, professor titular do departamento de Economia da PUC-RJ e economista-chefe da Genial Investimentos.

Para cada um deles foram feitas três perguntas com foco em PIB, perspectivas da economia para 2021 e reforma tributária. Depois de um ano de crise por conta da pandemia – o Banco Central estima uma contração de 4,4% para o Produto Interno Bruto (PIB) –, os dois têm previsões mais otimistas para 2021, mas desconfiam da reforma tributária, do processo de tramitação aos seus efeitos após a aprovação.

1) Quais as projeções para o PIB em 2021?

Gustavo Arruda: Projetamos 3%. Com crescimento mais fraco no início do ano e
aceleração no segundo semestre.

José Márcio Camargo: Nossa projeção é de crescimento de 3,5% do PIB em 2021.

2) Como a pandemia vai afetar o cenário econômico do país para o próximo ano?

Gustavo Arruda: Nosso cenário não considera novas rodadas de restrição de mobilidade. Assim, assumimos que a economia não estará mais sob efeitos de auxílios do governo após o grande suporte em 2020. Entre os setores, o comércio deve passar por um ajuste, refletindo menor disponibilidade de recursos das famílias; a indústria ainda deve crescer por alguns meses enquanto restabelece os estoques. Já o setor de serviços deve continuar em recuperação gradual ao menos até a disponibilidade de vacina.

José Márcio Camargo: O efeito da pandemia em 2021 vai depender da rapidez com que as vacinas serão aplicadas na população. Nossa avaliação é que, quando as vacinas começarem a ser aplicadas e ficar claro que uma porcentagem significativa da população será atendida, o sentimento da sociedade irá transitar de uma quase depressão, como estamos vivendo hoje, para uma quase euforia. Se isso acontecer ainda no primeiro semestre, o efeito sobre o crescimento do PIB será muito positivo. Neste caso, o PIB poderá crescer 4% em 2021.

3) A reforma tributária, assim como outros importantes avanços esperados para este ano, não vingaram. Na sua opinião, como esse atraso irá impactar a economia? Qual a ação mais rápida que se faz necessária?

Gustavo Arruda: A reforma tributária não deve obter grandes avanços nos próximos meses. Ao propor simplificação, a reforma necessariamente implica em diminuição de imposto para o setor industrial e aumento de imposto no setor de serviços. Com esse setor ainda em recuperação, não vemos muito espaço para avanço da reforma. Sem a reforma, o Brasil continuará enfrentando os problemas de sempre, fazendo com que a recuperação seja mais lenta do que em um cenário ideal. Para 2021, a ação mais importante será provar a sustentabilidade das contas públicas. O Brasil se endividou muito durante a crise e corre o risco de abortar a recuperação se não conseguir colocar as contas em ordem. Com isso, buscar o equilíbrio fiscal mais uma vez será determinante para os próximos passos do país.

José Márcio Camargo: A reforma tributária é uma reforma importante que tem efeitos muito positivos em um prazo médio e longo, apesar de pouco efeito no curto prazo, devido ao elevado período de transição. É importante para simplificar a estrutura tributária do país, reduzir o contencioso fiscal, reduzir o custo de pagar impostos e melhorar a alocação de recursos na economia, gerando crescimento da produtividade e do produto. No curto prazo, o mais importante é aprovar as reformas que reduzem os gastos do governo de tal forma a produzir equilíbrio fiscal, como a PEC Emergencial, a PEC do Pacto Federativo e a PEC dos Fundos infraconstitucionais.

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