Novas restrições em São Paulo podem levar a mais demissões e fechamentos de restaurantes
Diante dos anúncios recentes, a Associação Nacional de Restaurantes (ANR) recebe com preocupação as novas medidas restritivas que afetam também restaurantes no estado de São Paulo, com as regras mais rígidas nos dias 25, 26 e 27 de dezembro e 1, 2 e 3 de janeiro de 2021.
O setor permaneceu fechado por mais de 100 dias este ano, entre março e julho. Até setembro, segundo o Novo Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), foram mais de 84 mil demissões no setor no estado de São Paulo, o que representa cerca de 1/3 do total de cortes no país no mesmo período. Só na cidade de São Paulo, a estimativa da ANR é de que mais de 10 mil empresas do setor fecharam as portas na crise, de um total de 55 mil antes da pandemia. Dentre elas, muitas marcas tradicionais que representavam um papel relevante na cultura e memória da cidade.
Estamos convictos de que os restaurantes não são os vilões do atual agravamento da pandemia. Não há qualquer pesquisa científica para embasar as decisões de fechamento completo de todo o setor em São Paulo. Ao contrário, as mais recentes, como a divulgada em Nova Iorque este mês, mostram que apenas 1,4% das infecções vêm de bares e restaurantes. A imensa maioria, cerca de 75% dos casos, vêm de reuniões privadas.
Desde o início da crise, a ANR se empenhou em orientar seus associados a cumprirem rigorosos protocolos de segurança. Nosso manual serviu de base para muitos estados e municípios. Distanciamento, limitação de capacidade, assepsia intensa, proteção de colaboradores e clientes, segurança de alimentos, tudo foi extremamente cuidado.
Os negócios retomaram as atividades há meses e não houve aumento de contaminação, pelo contrário. A imensa maioria dos restaurantes segue rigorosamente todos os protocolos contra a covid-19. Se houve piora nos indicadores, não foi por nossa atuação. O mesmo não se vê em inúmeras atividades formais e informais que não sofreram tantas restrições. Além do mais, restaurantes são locais controlados e controláveis por parte do Estado. Fechá-los significa levar a população a frequentar encontros sociais domésticos e privados, onde as normas de segurança sanitárias não são fiscalizadas.
Frear o movimento de retomada neste momento é ignorar também o fato de que muitas empresas, já combalidas, investiram em adaptações do espaço físico, compra de EPIs, reposição de estoque e recontratação de pessoal para reabrir. Agora, diante de novas restrições, seguirão sem meios para recuperar um alto investimento financeiro, muitas vezes, inclusive, acima do exigido, a fim de assegurar a saúde coletiva.
Vale lembrar, ainda, que cerca de 40% dos estabelecimentos não possuem serviço de delivery e contavam com as vendas de fim de ano para honrar o 13º salário de seus funcionários.
A ANR ressalta que em nenhum momento o setor discordou da necessidade da adoção dos protocolos sanitários. Sempre nos colocamos e continuaremos abertos ao diálogo e disponíveis à colaboração. Por isso, apesar de entendermos a delicadeza da situação em relação à saúde, somos contrários ao aumento de restrições e temos o dever de alertar que medidas adicionais levarão a novos fechamentos de negócios que representam a única fonte de renda de milhares de famílias em todo o Estado.