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Pesquisa Ipsos-Ipec mostra que taxas do vale-refeição continuam altas e são 61% maiores das cobradas pelos cartões de crédito

Data de publicação: 05 de novembro de 2025

Regulamentação da Lei do PAT pode aumentar margens de lucro dos restaurantes e impactar positivamente a inflação dos alimentos

Pesquisa realizada pelo Ipsos-Ipec mostra que as taxas cobradas dos restaurantes pelas empresas tradicionais de benefícios para pagamentos feitos com vale-refeição são 61% maiores das praticadas pelas operadoras de cartão de crédito. Em média, a taxa de vale refeição é de 5.19%. Em Salvador/Recife, a taxa é ainda maior, chegando a 6,21%. Para comparação, a taxa média para pagamento com cartão de crédito é de 3.22%, cartão de débito 2% e por PIX 1.64%.

“A pesquisa mostra que as taxas ainda estão muito altas e que a regulamentação da interoperabilidade e portabilidade do vale-refeição e vale-alimentação, além da adoção do arranjo aberto de pagamentos, pode reduzir significativamente esses valores, aumentando as margens de lucro dos restaurantes e impactar positivamente a inflação dos alimentos”, avalia Fernando de Paula, vice-presidente da Associação Nacional de Restaurantes (ANR).

Estudo quantitativo realizado pela Ipsos-Ipec. As entrevistas foram realizadas pessoalmente com os responsáveis pelos restaurantes selecionados na amostra entre os dias 21/03/25 a 02/04/25. Foram realizadas 352 entrevistas, considerando a seguinte distribuição: 60 Manaus, 40 Salvador, 40 Recife, 60 Goiânia, 92 São Paulo e 60 Porto Alegre. Para amostra total, a margem de erro é de 5 pontos percentuais com nível de confiança de 95%.

A regulamentação da Lei de Modernização do PAT (Programa de Alimentação do Trabalhador), aprovada pelo Congresso Nacional em setembro de 2023, faria com que as atuais taxas cobradas pelas empresas tradicionais de benefícios se aproximassem das cobradas pelas operadoras de cartão. Segundo estimativa feita em uma pesquisa realizada em junho de 2024 junto aos restaurantes que trabalham em app de delivery, o setor de restaurantes poderia economizar cerca de R$ 5,36 bilhões por ano. Esse valor corresponde ao que os restaurantes deixariam de pagar em taxas ao aceitar pagamentos por vale-refeição e vale-alimentação. “Taxas mais competitivas resultariam na redução dos preços da alimentação do trabalhador, pois muitos restaurantes vão repassar o custo das taxas para os clientes”, afirma de Paula.

A interoperabilidade não vai aumentar os custos para os estabelecimentos, muito pelo contrário. Eles vão diminuir ao permitir a contratação de apenas uma maquininha para poder aceitar pagamentos das diferentes empresas de benefícios, como acontece nos cartões de crédito e de débito. Com a interoperabilidade, os trabalhadores terão mais opções para usar os seus vales e os restaurantes e supermercados poderão aceitar várias bandeiras a partir de uma única credenciadora, o que resultará no aumento de sua clientela.

Além da diminuição das taxas e custos para os restaurantes, a regulamentação tem o potencial de incluir mais de 1,7 milhão de trabalhadores no Programa. A implementação das mudanças no PAT também aumentaria o número de restaurantes e mercados que aceitam o vale-benefício. Segundo dados da ABBT (Associação Brasileira de Benefícios ao Trabalhador), citados por uma pesquisa realizada pela consultoria LCA, existem cerca de 600 mil estabelecimentos credenciados nas redes das fornecedoras de tíquetes. Com a interoperabilidade, esse número poderia saltar para mais de 3 milhões, que corresponde a restaurantes e mercados cadastrados nas bandeiras de cartão de crédito de débito. O trabalhador passaria a ter muito mais opções de locais para usar seu vale, possibilitando pesquisar os melhores preços e ofertas.

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