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Painéis do primeiro dia do 7º RestauraRH

Construindo um futuro mais plural

O ano de 2020 foi um divisor de águas em vários debates, principalmente para a diversidade e a inclusão. Movimentos sociais, como o Black Lives Matter, iniciado nos Estados Unidos, e o crescimento da atenção às práticas ESG (sigla em inglês que resume o compromisso das companhias com causas ambientais, sociais e de governança corporativa), reforçaram a necessidade de ampliar o conhecimento sobre os temas e realizar ações focadas na construção de uma verdadeira cultura de igualdade em todos os setores, incluindo a alimentação fora do lar.

“Sou uma grande entusiasta da gastronomia como um veículo de disseminação de cultura, de exaltação da diversidade, que é uma pauta muito cara e importante para mim. Compartilhar plataformas de trabalho e propostas para um setor mais assertivo na inclusão, empatia e respeito às diferenças é fundamental”, afirmou Andressa Cabral, chef de cozinha do Meza Bar, responsável pela mediação do primeiro painel do RestauraRH “Diversidade e Inclusão”.

Para Caroline Moreira, CEO da Startup Negras Plurais, que trabalha com mentorias de aceleração de negócios para mulheres negras e inclusão de pessoas negras no mercado econômico, é preciso mexer na cultura organizacional, procurar profissionais certos e mudar o olhar da gestão para entender que a representatividade é cada vez mais importante para o consumo do cliente. “É preciso ter ações que vão gerar impacto num todo. Não adianta apenas o líder ser inclusivo se o ambiente não está preparado para receber aquela pessoa negra. A melhor saída é procurar caminhos. Existem empresas que estão falando de diversidade porque há uma necessidade comercial e muitas pessoas negras competentes buscando oportunidades”, explicou.

Priscila Haddad, gerente Desenvolvimento Organizacional, Talento e Cultura na Coca-Cola FEMSA, abordou o rompimento de posicionamentos ligados ao machismo dentro da organização. “Para as primeiras mulheres, não foi tão fácil ser inserida em um mundo com muitos homens. Mas hoje, vejo que além da área de Gestão de Pessoas está trabalhando para mudar esse cenário, as próprias mulheres estão ajudando as outras a terem um ambiente mais igualitário. Eu poderia falar um monte de coisa que fazemos para viabilizar esse processo, mas o mais importante é realmente como uma ajuda a outra. Essa é a diferença”, pontuou.

Lídia Santos, gerente de RH do Le Jazz, também falou sobre a equidade de gênero e como isso deve se tornar um agente de mudança cultural, já que está ligado ao lado emocional do colaborador. “Com a questão da representatividade, as empresas precisam valorizar o seu patrimônio humano e se atentar ao que acontece fora do trabalho. Entender que se trata de uma pessoa só, e que se algo não vai bem em casa, isso vai refletir dentro da organização”, afirmou.

A reinserção de pessoas trans no mercado de trabalho, o papel das empresas e das pessoas para a harmonia na sociedade foram pautas somadas por Breno Cruz, coordenador do projeto TransGarçonne. “A gastronomia é um dos três setores que mais contratam pessoas trans no Brasil. Temos um compromisso com essa população e, enquanto sociedade, podemos sim fazer a nossa parte propiciando um processo de ressocialização.”

Conectando tecnologias e pessoas

Embora esteja avançando em todo o mundo, a transformação digital ainda é um desafio para a alimentação fora do lar. Muitas empresas ainda estão perdidas com relação a quais caminhos seguir, tecnologias a adotar e de qual maneira. No caso da alimentação fora do lar, a mais recente pesquisa da ANR, realizada em parceria com a Galunion Consultoria e o Instituto Foodservice Brasil (IFB), mostrou que 23% das empresas esperam ajuda de fornecedores para avançar na transformação digital e na gestão baseada em dados. O tema foi o destaque do segundo painel do 7º RestauraRH.

Diretor educacional da Live University, Alex Leite, foi quem deu início às palestras. “Primeiro, a gente pensa no negócio, na experiência, usa dados e aí entra a tecnologia. Para isso abordamos pessoas, liderança, colaboradores e cultura”, destacou.

Seguindo a linha do especialista, Mariana Magalutti, diretora do RH da Cia Tradicional do Comércio, reforçou que a transformação digital não é sobre um sistema ou sobre a melhoria de processo. “É uma consequência de culturas e pessoas orientadas para isso”, afirmou. De acordo com a especialista, buscar novas tecnologias também precisa ser um processo cuidadoso. “Se trata de implantar, medir e usar. Muita gente implanta por moda. Analise o sistema, entenda por que ele vai melhorar o seu dia a dia e, ao executá-lo, veja a efetividade”.

Valéria Duarte, especialista em Gestão de Pessoas do Restaurante Moma, trouxe para o debate a questão do digital nas pequenas empresas, além de reforçar a importância das pessoas para um processo efetivo de mudanças. “Pessoas são protagonistas na transformação digital. Se nós, profissionais de Gestão de Pessoas, não nos desenvolvermos em todos os níveis, não vai acontecer. Começa pela nossa gestão e pela nossa modificação de mentalidade”, explicou.

Compartilhando a visão de Valéria, a consultora em hospitalidade, Carolina Oda, relembrou a importância de despertar um sentimento de pertencimento nos colaboradores. “Chegamos na tecnologia querendo ouvir qual é o sentimento de quem está na linha de frente. Acredito que hoje, temos que olhar e valorizar essas pessoas, muito mais do que dados e salários. É muito mais profundo e humano, do que isso”, disse.

Para Gustavo Lima, sócio e fundador da plataforma Risposta, o que falta é um modelo de liderança que precisa evoluir. “A transformação digital traz dados para influenciar a gestão e a liderança. E esses dois catalisadores da cultura centrada no cliente e baseada em dados, podem ser soluções para se ter um resultado melhor nos negócios”, destacou.

Encerrando as apresentações do painel, Walter Vieira, sócio-fundador da Closeer, destacou que o propósito e a experiência devem ser a base na relação com os colaboradores. “Sem propósito nada funciona. Nenhum processo ou tecnologia vai conseguir fazer com que você tenha, de fato, sucesso. A gente se preocupa com o que vai ser no futuro, como será o último trimestre dessa retomada… temos que usar a tecnologia como meio, e não como fim, com as pessoas sendo o motor de tudo isso”, finalizou.

Foto: Christina @wocintechchat.com – Unsplash

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