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O Impacto do Projeto Gosto da Amazônia em ESG

A Amazônia, região de origem de uma biodiversidade exuberante e fundamental para o equilíbrio global, enfrenta desafios cruciais quando se trata de equilibrar desenvolvimento e conservação ambiental. Nesse contexto, o Projeto Gosto da Amazônia emerge como uma notável iniciativa com impacto positivo em ESG (Environmental, Social e Governance). Por meio de ações que visam a conservação ambiental, a melhoria da qualidade de vida das comunidades ribeirinhas, o empoderamento feminino e uma governança participativa.   

Além de fomentar a atividade econômica produtiva e sustentável na Amazônia, o projeto também tem contribuído para a preservação da fauna e da flora amazônicas, por meio da proteção e da valorização dos produtos da região. Com isso, tem atraído a atenção de investidores e empresas que buscam se alinhar às melhores práticas de sustentabilidade. 

O Projeto Gosto da Amazônia 

O Projeto Gosto da Amazônia é uma iniciativa que busca promover a sustentabilidade na gastronomia, ao mesmo tempo em que fomenta o desenvolvimento econômico e social das comunidades ribeirinhas da Amazônia. A iniciativa tem como foco principal o desenvolvimento socioeconômico das comunidades tradicionais da Amazônia através do manejo do pirarucu, um dos maiores peixes de água doce do mundo, que é capturado de forma sustentável e comercializado em diferentes regiões do Brasil. 

Parceiros Envolvidos 

O Gosto da Amazônia é fruto da cooperação internacional entre o governo do Brasil e dos EUA, executada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBIO) e Serviço Florestal dos EUA (USFS), com recursos da Agência para Desenvolvimento Internacional dos EUA (USAID) e participação de várias instituições locais, como a Operação Amazônia Nativa (OPAN), Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (IDSM), Memorial Chico Mendes (MCM), Associação dos Produtores Rurais de Carauari (ASPROC) e Associação dos Comunitários que trabalham com Desenvolvimento Sustentável no Município de Jutaí (ACJ), Instituto Juruá, além do Sindicato de Bares e Restaurantes do Rio de Janeiro (SINDRIO).

Impacto em ESG 

Como o Projeto Gosto da Amazônia visa promover a preservação ambiental e o desenvolvimento social e econômico da região amazônica, além de fomentar práticas de governança sustentável. Dessa forma, é possível avaliar o impacto do projeto em cada um dos pilares do ESG. 

Ambiente 

A preservação ambiental é um dos principais objetivos do Projeto. Através da vigilância, durante todo o ano, dos rios, lagos e florestas, e do cumprimento das regras para a pesca, a quantidade de pirarucus nos últimos 10 anos aumentou em 400% nos ambientes onde o manejo acontece, o que possibilitou também a preservação de outras espécies locais. Além disso, o projeto incentiva a redução do desmatamento e das queimadas na região, contribuindo para a diminuição das emissões de gases de efeito estufa. 

Social 

O projeto tem um impacto significativo na comunidade local, proporcionando uma fonte de renda estável e melhorando a qualidade de vida dos moradores. Além disso, o empoderamento feminino na atividade fortalece a equidade de gênero na região, garantindo que as mulheres tenham voz ativa e autonomia financeira. 

Governança 

O Projeto Gosto da Amazônia se destaca pela necessidade de organização comunitária para a prática do manejo e pela colaboração entre diversos atores, incluindo comunidades locais, instituições de pesquisa e órgãos governamentais. Essa parceria bem estruturada promove uma governança participativa e transparente, garantindo o sucesso e a continuidade das iniciativas. 

Empoderamento Feminino na Pesca Manejada 

O empoderamento feminino é um dos resultados mais impactantes do Projeto Gosto da Amazônia. Anteriormente, as mulheres  dependiam, na sua grande maioria, da remuneração dos seus maridos. Com o manejo sustentável do pirarucu, as mulheres passaram a ter participação ativa em todas as algumas etapas do processo, desde o planejamento até a execução, incluindo a evisceração e a contagem dos peixes.  

Numa pesquisa realizada no ano passado, com 65% das mulheres de 22 comunidades da zona rural de Carauari, identificou-se que 40% das mulheres entrevistadas participam de pelo menos uma etapa da cadeia do pirarucu, em contraste com 35% dos homens. E as etapas de maior participação feminina são a pesca (16%) e a evisceração (14%).   

 Em 2020, outro estudo, realizado por Carolina Freitas e colaboradores na região do Médio Juruá, comparou o salário anual de mulheres que vivem em comunidades onde o manejo existe, e chegou ao valor de U$ 200 dólares ao ano. Enquanto as mulheres que vivem em comunidades sem o manejo, não receberam nada durante todo o ano. E isso não significa que elas não tenham pescado, mas que não receberam pelo trabalho realizado.  

 Essa participação ativa permitiu que as mulheres ocupassem espaços de liderança e tomassem decisões importantes no projeto. Nos últimos anos, foram realizados dois cursos de contagem para mulheres pelo Instituto Juruá em parceria com a ASMAMJ (Associação das Mulheres Agroextrativista do Médio Juruá) e a AMAB (Associação dos Moradores Agroextrativistas do Baixo Médio Juruá). Na primeira edição participaram 35 mulheres e na segunda edição 34 mulheres. Há ainda a previsão para mais dois cursos este ano. 

Consequências a Longo Prazo 

A Marca Coletiva “Gosto da Amazônia” é uma iniciativa com um impacto promissor e duradouro na região. Suas consequências a longo prazo se estendem por três importantes áreas: sustentabilidade, economia local e preservação da cultura e tradição. 

Economia Local 

Além de promover a preservação ambiental, o Projeto tem um impacto direto na economia local da região. Ao incentivar a comercialização dos produtos da floresta, a iniciativa contribui para a criação de novas oportunidades de negócios para as comunidades locais. 

Cultura e Tradição 

Preservar a rica cultura e tradição da região é outra dimensão essencial do Gosto da Amazônia. Ao valorizar e promover os produtos tradicionais da floresta, assim como as práticas extrativistas ancestrais, o projeto mantém vivas as tradições e conhecimentos locais. O respeito e incentivo à cultura e história da região são pilares fundamentais para a identidade das comunidades amazônicas e para incentivar a sua permanência na Floresta. 

Conclusão 

O Projeto Gosto da Amazônia é um exemplo inspirador de como a conservação ambiental e o desenvolvimento socioeconômico podem caminhar juntos. Ao promover o manejo sustentável do pirarucu e o empoderamento feminino na pesca extrativista, o projeto tem um impacto abrangente e positivo em ESG. A valorização das mulheres como protagonistas na conservação da Amazônia e a garantia de uma renda digna para seu trabalho são conquistas importantes que mostram como iniciativas como essa podem transformar positivamente a vida das comunidades locais e contribuir para um futuro mais sustentável e igualitário.

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