Humanizar, boa prática número um – Quarto painel do ENCOVISAS
Empresas com uma gestão mais humanizada colhem dezenas de benefícios. Segundo pesquisa do projeto Empresas Humanizadas no Brasil, idealizado por pesquisadores da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP, há uma satisfação 240% superior por parte dos clientes, e níveis 225% maiores de bem-estar entre os colaboradores em
companhias que investem nesse formato de liderança.
Como implementar essa gestão de ponta a ponta, correlacionando-a à segurança dos alimentos foi tema do último painel da 10ª edição do ENCOVISAS. Abrindo as apresentações do encontro, Vivian Zollar, diretora de Gestão de Pessoas e Operações do Grupo Tria, reforçou a importância da colaboração, do apoio ao próximo e de uma comunicação eficaz. “Tais pontos são fundamentais dentro dos serviços de alimentação, especialmente no contexto atual, no qual a sociedade é tão apoiada pela tecnologia. O diferencial precisa estar nas relações interpessoais”, comentou.
De acordo com a especialista, na prática, a redução do risco sanitário está relacionada com a mudança de comportamento. “Dentro da cozinha, temos pessoas manuseando os alimentos e se não olharmos com afinco para os comportamentos, não conseguiremos, de fato, ter uma diminuição do risco sanitário”, disse. Vivian ainda destacou a importância das metodologias ativas nesse sentido. “Elas estão voltadas para uma aprendizagem não passiva. É descontruir a ideia da pessoa que apenas recebe informação para partir a um modo ativo, em que ela se envolve na construção de um conceito, por exemplo”. Segundo ela, elas ajudam a conectar as pessoas e criar vínculos positivos de confiança. “Para isso, nós, da área técnica, temos o grande desafio de desenvolver uma série de habilidades comportamentais”, reforçou.
Sabrina Kunikata, coordenadora de Qualidade do Grupo IMC, abordou como garantir a segurança dos alimentos e proporcionar um ambiente de trabalho produtivo. O responsável técnico, segunda a executiva, possui papel fundamental nessa busca, a fim de implementar, capacitar e viabilizar as boas práticas. “No entanto, também temos a questão dos líderes, que precisam gerenciar as ações rotineiras para manter as boas práticas. Principalmente nas grandes redes, os responsáveis técnicos não ficam todos os dias somente em uma unidade. Então, quem está liderando precisa ter esse foco também”, disse.
Trazendo o ponto de vista dos órgãos reguladores, Leopoldina Maria de Melo Batista, representante da VISA de Natal, pontuou que uma relação colaborativa consiste no respeito às competências de cada membro da equipe e no compartilhamento de responsabilidades e da liderança. “Ela também coloca o colaborador como protagonista, o líder
como facilitador e promove a interação para atingir um objetivo compartilhado e a liberdade para falar, argumentar e discordar”, afirmou.
Na sequência, elencou os benefícios que essas habilidades colaborativas trazem. “Envolvimento e protagonismo de todos, melhoria na comunicação e nas relações, aumento da motivação e fortalecimento das atitudes positivas dos membros da equipe. Em nossa visa, desenvolvemos atividades educativas, normativas e fiscalizadoras sempre com
esse pensamento.”
Encerrando o debate, Samantha Canhedo, gerente de RH do Giraffas, relembrou que a liderança não está no cargo, mas sim nas missões executas todos os dias. Para fortalecer a cultura colaborativa é necessário entender isso e compreender que os colaboradores são os primeiros clientes de qualquer companhia. Para ela, as lideranças não
devem mandar, mas sim influenciar positivamente. “E como fazer isso? Com empatia, sabendo ouvir e dividindo a decisão. É preciso fomentar o que é certo para garantir que o processo seja realizado de maneira positiva para todos. O feedback tem que ser constante e consistente. Além de apontar as melhorias necessárias, vale reconhecer os
acertos de cada colaborador”, contou.
A executiva concluiu sua apresentação lembrando que a gestão humanizada é para todos. “Vale para qualquer profissional. Se o desejo é colocar a gestão humanizada em prática, é preciso ter empatia enraizada nos nossos comportamentos”, finalizou.
Foto: Aarón Blanco Tejedor – Unsplash