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71% dos bares e restaurantes estão endividados

A nova pesquisa da série Covid-19, realizada pela ANR, em parceria com a consultoria Galunion, especializada no mercado food service, e com o Instituto Foodservice Brasil (IFB) mostrou que grande parte das empresas do setor está endividada. Mais de 71% dos bares e restaurantes afirmaram ter dívidas. Desse total, 79% devem para bancos, 54% estão com impostos em atraso e 37% têm débitos com fornecedores.

O levantamento, feito entre os dias 9 de abril e 5 de maio, contou com 650 empresas respondentes de diversos perfis – de redes a independentes – de todos os estados brasileiros. Dos empreendimentos ouvidos, 29,2% têm dívidas totais que representam de 1 a 3 meses de faturamento mensal médio de 2020.

Mas a maioria está em pior situação: 28,1% afirmam que o endividamento representa de 4 a 6 meses da receita, e 15% que sobe para 7 a 12 meses. Outros 19,4% têm dívidas que representam mais de um ano de faturamento e apenas 8,3% dizem que o total é menor que um mês da receita.

Outro dado alarmante é a quantidade de estabelecimentos que afirmaram não ter mais recursos para funcionar em casos de novas restrições ou lockdown: 66% afirmam que o capital de giro não dura mais de 30 dias. A pesquisa também apontou que desde o início da pandemia 64% promoveram demissões. Na média, 21% dos colaboradores foram desligados.

PROGRAMAS DE APOIO

O uso do Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda (BEm) caiu. Há um ano, a pesquisa apontou que 76% fizeram uso da medida que autoriza a suspensão de contratos e redução de jornadas. Hoje a adesão é de 48%.

Quando perguntadas sobre quais os tipos de ajuda consideram fundamentais para enfrentar a crise, a imensa maioria das empresas (71%) apontou que que o Governo deveria criar uma linha de crédito específica para o segmento, com alto prazo de carência. 57% também citaram a diminuição das taxas dos aplicativos de delivery como
outro fator importante no combate à crise.

“A pesquisa mostra com muita clareza que o setor chegou ao seu limite. Nós, da ANR, estamos empenhados em todas as esferas para que não haja mais retrocessos, fechamentos ou lockdown. É fundamental que as autoridades se sensibilizem, que sejam criadas linhas de crédito específicas para o setor, como fizeram muitos países. Só assim conseguiremos amenizar a situação”, afirma Fernando Blower, diretor Executivo da ANR.

Para Ely Mizrahi, presidente do Instituto Foodservice Brasil (IFB), a pesquisa evidencia a dimensão do impacto da pandemia. “Os desafios destacados refletem na dinâmica de todos os elos da cadeia e demandam senso de urgência nas ações de apoio ao setor, especialmente aos pequenos operadores”, disse.

Segundo Simone Galante, CEO da Galunion, a pesquisa mostra o esforço gigantesco que o setor está fazendo para manter suas operações. “O delivery continuou a crescer, mas em ritmo menor e por meio de mais canais de vendas, como o WhatsApp. Foi interessante notar que há uma consciência maior do setor de que é necessário caminhar em direção à digitalização, aspecto que será ainda mais importante na retomada.”

FUTURO

Bares e restaurantes ainda são muito cautelosos quando perguntados sobre perspectivas de faturamento do próximo trimestre. 39% afirmaram que ainda não é possível fazer qualquer tipo de previsão, mas 34% acreditam em um pequeno crescimento e outros 17% em uma expansão acentuada.

Em relação aos desafios da retomada, 70% consideram o capital de giro e as dívidas como principais desafios no ano. A rentabilidade do modelo de negócio (48%) e a mudança de hábitos do consumidor (47%) também são citadas como grandes desafios do segmento. Para acessar a pesquisa na íntegra, clique aqui. 

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