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Como reconhecer e combater as fake news em meio à pandemia

O avanço do coronavírus no Brasil e em todo o mundo alavancou a circulação de diversas notícias falsas sobre a pandemia nas redes sociais. Informações descontextualizadas, histórias emotivas e memes trouxeram uma avalanche de desinformação, colaborando para tornar o atual momento ainda mais delicado. O tema foi o centro das discussões no webinar “Comunicação e fake news em tempos de pandemia”, realizado pela ANR na última quinta-feira (21).

“No campo político, espalhar notícias falsas pode destruir reputações. Na área da saúde, pode resultar em mortes. É praticamente inevitável receber esse tipo de desinformação, mas é bem possível fazer checagem a respeito da veracidade do fato em si”, afirmou Ederaldo Kosa, sócio da Linhas Comunicação e Coordenador do Grupo de Trabalho de Comunicação e Marketing (GT-CoM) da ANR.

Mesmo com a inegável força das mídias sociais, pesquisa do Datafolha, de 2019, revelou que, em todas as faixas etárias, o índice de confiança na imprensa tradicional é duas vezes maior. O resultado comprova que, para
checar uma notícia recebida em uma rede social, como o WhatsApp, por exemplo, muitos ainda recorrem aos meios de comunicação reconhecidos, que trabalham com foco no profissionalismo e na credibilidade.

Fake News x Novo coronavírus

Kosa destacou ainda um mapeamento feito pelo Instituto Reuters e pela Universidade de Oxford. O estudo mostrou que quase 70% das informações divulgadas sobre a Covid-19 tinham como fonte principal influenciadores digitais,
incluindo políticos, celebridades, figuras públicas e redes sociais. Desse total, 20% das informações eram fake news.

A situação é tão séria que a ONU considera as notícias falsas sobre o coronavírus “mais mortais que qualquer outra desinformação”. Para o secretário-geral da Organização, António Guterres, o jornalismo é essencial para ajudar a neutralizar os danos causados pelo que classifica como “pandemia da desinformação”.

“Antes de repassar qualquer notícia, cheque se foi veiculada em algum grande veículo. Utilize ferramentas de checagem (veja mais no box) e cruze o fato com dados oficiais de governos e ministérios. No meio de uma crise sem
precedentes, é ainda mais importante ter esse discernimento e cuidado em prezar, sempre, pelas notícias e fatos verdadeiros. Assim, conseguiremos avançar como uma sociedade livre e democrática de uma maneira mais saudável”, concluiu Kosa.

Lucio Mesquita, consultor de comunicação, com mais com mais de 25 anos de atuação na BBC, aproveitou para dividir com os participantes sua experiência com a mídia e as fake news no Reino Unido. “Resido em Londres e
a Ofcom, agência responsável pelos meios de telecomunicações e telefonia, tem feito, desde o começo do lockdown pesquisas para verificar o comportamento da população em relação à mídia. O último levantamento realizado
registrou, entre outros pontos, que os meios de comunicação tradicionais continuam sendo a fonte de informação mais importante sobre a pandemia”, contou Mesquita.

A pesquisa também revelou que o índice de utilização das redes sociais como fonte de informação está caindo e que 45% dos entrevistados foram impactados por algum tipo de notícia falsa nos últimos tempos. “A questão de
disseminação de fake news é, infelizmente, algo mundial. São duas pandemias, a da doença propriamente dita e a da desinformação. Ambas podem ser espalhadas de forma descontrolada”.

Lucio também reforçou algumas formas de prevenção contra as notícias falsas. “Pense, cheque e pesquise. São ações relativamente fáceis de colocar em prática. Apenas compartilhe depois de efetuar essa verificação dos fatos e incentive amigos e conhecidos a fazer o mesmo. Essa é a melhor forma de se combater a epidemia da mentira”, finalizou.

CONHEÇA ALGUNS SITES DE CHECAGEM DE FAKE NEWS:

• Projeto Comprova
• E-Farsas
• Agência Lupa
• Aos fatos
• Boatos

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